“E eu
rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para
sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque
não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque ele habita convosco e
estará em vós” — (João 14:16-17).
Vocês
ficarão surpresos de me ouvir anunciar que não pretendo nessa manhã falar-lhes
qualquer coisa sobre o Espírito Santo como o Consolador. Eu proponho reservar
esse tópico para um sermão especial essa noite. Nesse discurso eu tentarei
explicar e reforçar outras doutrinas, as quais eu acredito estão plenamente
ensinadas nesse texto, e que eu espero seja de interesse para as nossas almas.
O velho John Newton disse certa vez que existiam alguns livros que ele não
poderia ler; - eles eram suficientemente bons e sadios; mas, ele disse “eles
são livros de baixo valor; - você tem que levar muita coisa em consideração
antes de obter qualquer valor; existem outros livros de prata e outros de ouro;
mas eu tenho um livro que é um livro de notas de dinheiro; e cada folha é uma
nota de imenso valor”. Então eu encontrei esse texto, no qual eu tenho uma nota
de um valor tão grande que não poderia contar tudo sobre ela nessa manhã. Eu
deveria aguardar algumas horas antes que pudesse desdobrar para vocês o valor
total dessa preciosa promessa – uma das últimas que Cristo deu ao Seu povo.
Eu chamo a
atenção de vocês para essa passagem porque nós encontraremos nela algumas
instruções em quatro pontos: primeiro, referente à verdadeira e própria
personalidade do Espírito Santo; segundo, referente a ação conjunta das
gloriosas Três Pessoas na obra da nossa salvação; nós encontraremos alguma
coisa para estabelecer a doutrina da habitação do Espírito Santo nas almas de
todos os crentes; e em quarto, nós descobriremos porque a mente carnal rejeita
o Espírito Santo.
I. Antes de tudo, nós teremos um pouco de instrução com referência à
própriapersonalidade do Espírito Santo. Nós estamos tão acostumados
a falar sobre a influência do Espírito Santo e Suas sagradas operações e
graças, que nós somos capazes de esquecer que o Espírito Santo é verdadeira e certamente
uma pessoa – que ele é uma subsistência – uma existência; ou, como nós
Trinitarianos usualmente dizemos, uma pessoa na essência da divindade. Eu tenho
medo de, ainda que nós não saibamos disso, que tenhamos adquirido o hábito de
ver o Espírito Santo como uma emanação que flui do Pai e do Filho, mas não como
sendo Ele mesmo realmente uma pessoa. Eu sei que não é fácil levar em nossas
mentes a idéia do Espírito Santo como uma pessoa. Eu posso pensar sobre o Pai
como uma pessoa, porque Seus atos são de modo a que eu possa compreender. Eu o
vejo pendurar o mundo no éter; eu o contemplo enfaixando em fraldas um mar
recém nascido, com faixas de trevas; eu sei que foi Ele quem formou as gotas do
granizo, quem levou por frente as estrelas pelos seus exércitos, e as chamou
pelos seus nomes; eu posso concebê-lo como uma pessoa porque eu contemplo o que
Ele opera. Eu posso dar conta de que Jesus, o Filho do Homem, é uma pessoa
real, porque Ele é osso dos meus ossos e carne da minha carne.
Não é
preciso estender por demais a imaginação para retratar o recém nascido em
Belém, ou contemplar o “Varão de Dores conhecendo a tristeza,” do rei dos
mártires, como Ele foi perseguido no pátio de Pilatos, ou pregado no maldito
madeiro pelos nossos pecados. Nem encontro dificuldade às vezes em visualizar a
pessoa do meu Jesus sentado em seu trono no céu; ou cingido de nuvens e usando
o diadema de toda a criação, chamando a terra para julgamento, e convocando-nos
para recebermos nossa sentença final. Mas quando eu tenho que tratar com o
Espírito Santo, suas operações são tão misteriosas, Seus feitos são tão
secretos, Seus atos são tão distantes de qualquer coisa que tenha sentido, e do
corpo, que eu não posso tão facilmente alcançar a idéia de Ele ser uma pessoa;
mas uma pessoa Ele é. Deus Espírito Santo não é uma influência, uma emanação,
uma corrente de alguma coisa fluindo do Pai; mas Ele é uma pessoa tão real como
o Deus Filho ou Deus Pai. Eu tentarei um pouco nessa manhã estabelecer a
doutrina, e mostrar-lhes a verdade dela – que Deus o Espírito Santo é na
verdade uma pessoa.
A primeira
prova nós vamos coletar na piscina do santo batismo. Deixe-me mergulhá-lo, como
tenho mergulhado outros, na piscina, agora velada, mas que eu desejaria que
estivesse sempre aberta aos olhos de vocês. Deixe-me levá-los à fonte batismal
onde os crentes põe sobre si o nome do Senhor Jesus, e você me ouvirá
pronunciar as solenes palavras: “Eu te batizo em nome do Pai”, - marque , “no
nome” não nomes –“do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” Qualquer um que
seja batizado pela verdadeira forma registrada nas Escrituras, tem que ser um
Trinitariano: de outro modo o seu batismo é uma farsa e uma mentira, e ele
próprio é achado um enganador e um hipócrita diante de Deus. Como o Pai é
mencionado, como o Filho é mencionado também o é o Espírito Santo; e o todo é
somado como uma Trindade em unidade, mas como já foi dito, não os nomes, mas o
“nome”, o glorioso nome, o nome de Jeová “do Pai, do Filho e do Espírito
Santo”. Deixe-me lembrar-lhes que a mesma coisa acontece cada vez que vocês se
dispersam dessa casa de oração. Ao pronunciar a benção solene de encerramento
nós invocamos em vosso benefício, o amor de Jesus Cristo, a graça do Pai, e a
comunhão do Espírito Santo; e assim, de acordo com a maneira apostólica, nós
fazemos uma manifesta distinção entre as pessoas, mostrando que nós acreditamos
que o Pai é uma pessoa, que o Filho é uma pessoa e que o Espírito Santo é uma
pessoa. Se não houvessem outras provas nas Escrituras, eu penso que essas seriam
suficientes para qualquer homem sensato. Ele veria que se o Espírito Santo
fosse uma mera influência, não seria mencionado em conjunção com dois a quem
nós confessamos serem pessoas próprias e verdadeiras.
Um segundo
argumento se levanta do fato de que o Espírito Santo tem feito diferentes
aparições sobre a terra. O Grande Espírito tem se manifestado ao homem: Ele tem
tomado uma forma, assim que, conquanto Ele não tenha sido contemplado pelos
homens mortais, Ele tem assim velado na aparência em que Ele tem sido visto,
tanto quanto aquela aparência estava ligada, pelos olhos de todos que o
contemplassem. Você vê Jesus Cristo Nosso Salvador? Há o rio Jordão, com seus
barrancos em rampa e seus graciosos salgueiros na sua margem. Jesus Cristo, o
Filho de Deus, desce até a corrente de água, e o Santo João Batista, o mergulha
nas ondas. As portas do céu estão abertas; uma miraculosa aparição se
apresenta; uma forte luz brilhou do céu, mais brilhante que o sol em toda a sua
grandeza, e descendo em uma torrente de glória vem alguma coisa que vocês
reconhecem como sendo uma pomba. Ela pousa em Jesus – ela senta sobre Sua
sagrada cabeça, e como os antigos pintores punham um halo em volta da testa de
Jesus, assim o Espírito Santo derramou uma resplandecência em volta da face
daquele que veio cumprir toda a justiça e, portanto, começar com a ordenança do
batismo. O Espírito Santo foi visto como uma pomba, para marcar Sua pureza e
Sua gentileza, e Ele desceu como uma pomba para mostrar que é somente do céu
que Ele desce. Essa não é a única vez em que o Espírito Santo se manifestou em
uma forma visível. Veja aquele agrupamento de discípulos juntos em um cenáculo;
eles estão esperando por alguma benção prometida, e paulatinamente ela virá.
Oh! Há o som de um forte vento; ele enche toda a casa onde eles estão sentados;
e atônitos eles olham à sua volta, imaginando o que vai acontecer em seguida.
Logo aparece uma forte luz, brilhando sobre a cabeça de cada um deles: línguas
de fogo pousam sobre as suas cabeças. O que eram essas maravilhosas aparições
de vento e labaredas senão uma demonstração do Espírito Santo em Sua própria
pessoa? Eu digo que o fato de uma aparição manifesta que Ele tem que ser uma
pessoa. Uma influência não pode aparecer – um atributo não pode aparecer: nós não
podemos ver atributos – nós não podemos contemplar influências. O Espírito
Santo, portanto, tem que ser uma pessoa; uma vez que Ele foi visto por olhos
mortais, e desceu à percepção da compreensão mortal.
Outra
prova vem do fato de que, nas Escrituras, qualidades pessoais são atribuídas ao
Espírito Santo. Primeiro deixe-me ler para vocês um texto no qual é dito que o
Espírito Santo tem. Na 1ª Epístola aos Coríntios, capítulo 2:9 você
lê: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração
humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou
pelo seu Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as
profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o
seu próprio espírito que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as
conhece, senão o Espírito de Deus”. Aqui você vê um entendimento – um poder de
conhecimento é atribuído ao Espírito Santo. Agora, se existem aqui algumas
pessoas cujas mentes são de tão absurda compleição que eles deveriam atribuir
uma qualidade a uma outra pessoa, e se falaria de uma mera influência tendo
entendimento, então eu abandono to do o argumento. Mas eu acredito que todo o
homem racional irá admitir, que quando se diz que alguma coisa tem
entendimento, ela tem que ter uma existência – ela tem que de fato ser uma
pessoa. No capítulo 12 versículo 11 da mesma Epístola, você vai encontrar uma
atribuída ao Espírito Santo. “Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas essas
coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente”. Portanto
está claro que o Espírito Santo tem uma vontade. Ele não vem de Deus
simplesmente na vontade de Deus, mas Ele tem uma vontade própria dEle mesmo,
que é a de sempre guardar a do infinito Jeová, mas é, contudo, distinta e
separada; portanto eu digo que Ele é uma pessoa. Em outro texto, é atribuído ao
Espírito Santo, e poder é uma coisa que só pode ser atribuído a uma existência.
Em Romanos 15: 13 está escrito: “E o Deus da esperança vos encha de todo gozo e
paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito
Santo.” Eu não preciso insistir sobre isso, porque é auto evidente, que onde
quer que você encontre entendimento, vontade e poder, você deve encontrar
também uma existência; não pode ser um mero atributo, não pode ser uma
metáfora, não pode ser uma influência personificada; mas tem que ser uma
pessoa.
Mas eu
tenho uma prova que, talvez, lhes dirá mais que qualquer outra. Atos e
necessidades são atribuídos ao Espírito Santo; portanto Ele te que ser uma
pessoa. Você lê no primeiro capítulo do Livro de Gênesis, que o Espírito
pairava sobre a terra, quando tudo era ainda desordem e confusão. Esse mundo já
foi uma massa de matéria caótica, não havia ordem; era como o vale das trevas e
da sombra da morte. Deus o Espírito Santo abriu as Suas asas sobre a terra;
semeou nela as sementes da vida; os germes dos quais todos os seres nasceram
foram implantados por Ele; Ele impregnou a terra de modo que ela se tornou
capaz para a vida. Agora, só pode ter sido uma pessoa que pôs ordem na
confusão: tem que ter sido uma existência que pairava sobre esse mundo e fez
dele o que ele é agora. Mas nós não lemos nas Escrituras alguma coisa mais do
Espírito Santo? Sim, nos disseram que “santos homens do passado falavam na
medida em que eram movidos pelo Espírito Santo.” Quando Moisés escreveu o
Pentateuco, o Espírito Santo moveu a sua mão; quando Davi escrevia os Salmos, e
dedilhava doce música em sua harpa, era o Espírito Santo quem dava aos seus dedos
aqueles movimentos angelicais; quando Salomão derramava de seus lábios as
palavras dos provérbios da sabedoria, ou quando ele versejava os Cânticos do
amor, era o Espírito Santo que dava a ele palavras de conhecimento e hinos de
causar êxtase.
Ah! E que
fogo foi aquele que tocou os lábios do eloqüente Isaías? Que mão foi aquela que
veio sobre Daniel? E que poder era aquele que fez Jeremias tão queixoso em sua
profunda tristeza? E que foi aquilo que deu asas a Ezequiel, e o fez como uma
águia, subir para mistérios muito altos, e ver o poderoso desconhecido além do
nosso alcance? Quem foi que fez de Amós o vaqueiro um profeta? Quem ensinou o
rude Ageu a pronunciar suas sentenças trovejantes? Quem mostrou a Habacuque os
cavalos de Jeová marchando através das águas? Ou quem acendeu a chamejante
eloqüência de Naum? Quem fez Malaquias encerrar o seu livro com o sussurro da
palavra maldição? Quem foi, em cada um desses casos, a não ser o Espírito
Santo? E não seria necessário ser uma pessoa quem falou nessas e através dessas
antigas testemunhas? Nós temos que acreditar. Nós não podemos evitar de
acreditar, quando nós lemos que “homens santos da antiguidade falavam na medida
em que eles eram movidos pelo Espírito Santo.”
E quando
foi que Espírito Santo deixou de ter influência sobre o homem? Nós descobrimos
que Ele ainda trabalha com Seus ministros e com todos os Seus santos. Abra em
Atos e você vai encontrar o que o Espírito Santo disse: “Separem-me Paulo e
Barnabé para a obra.” Eu nunca ouvi falar de um atributo dizendo tal coisa. O
Espírito Santo disse a Pedro: “Vá ao Centurião, e ao que eu purifiquei não
chames de coisa imunda.” O Espírito Santo levou embora Felipe depois de ter ele
batizado o eunuco, e o carregou para outro lugar; e o Espírito Santo disse a
Paulo: “tu não irás àquela cidade, mas tornarás para uma outra.” E nós sabemos
que Ananias e Safira mentiram ao Espírito Santo, quando lhes foi dito: “Vós não
mentiste para homens, mas para Deus.”
Novamente,
o poder que sentimos todos os dias, que somos chamados a pregar – aquele
encanto maravilhoso que torna os nossos lábios tão potentes – aquele poder que
nos dá pensamentos que são como aves vindas de uma região distante, não as
naturais da nossa alma – aquela influência que eu sinto de modo estranho, que
se não me dá poesia e eloqüência, me dá um poder que nunca antes eu senti, e me
eleva acima dos meus semelhantes – aquela majestade com a qual ele veste seus
ministros, até no meio da batalha eles gritam ahá! Como o cavalo de guerra de
Jó, e se movem como leviatãs na água – aquele poder que nos dá força sobre os
homens, e faz com que eles se sentem e ouçam como se seus ouvidos estivessem
acorrentados, como se eles estivessem encantados pelo poder de alguma varinha mágica
– esse poder tem que vir de uma pessoa; ele tem que vir do Espírito Santo.
Mas as
Escrituras não dizem, e nós não sentimos, queridos irmãos, que é o Espírito
Santo quem regenera a alma? É o Espírito Santo que nos estimula. “E a vós, que
estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão de vossa carne,
vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos”.
Colossenses 2:13. É o Espírito Santo quem distribui o primeiro germe de vida,
nos convencendo do pecado, da justiça e julgamento que virão. E não é o
Espírito Santo que, depois que a chama é acendida, ainda assopra com o alento
da Sua boca e a mantém viva? Seu autor é Seu mantenedor. Oh! Pode-se dizer que
é o Espírito Santo quem luta dentro da alma dos homens; que é o Espírito Santo
quem os traz para dentro do lugar de delícias que é o Calvário – pode-se dizer
que Ele faz todas essas coisas, e ainda não é uma pessoa? Pode-se dizer, mas
tem que ser dito por tolos; porque nunca pode ser considerado um homem sábio
aquele que considerar essas coisas possíveis de serem realizadas por outra
senão uma pessoa gloriosa – uma Divina existência.
Permitam-me
lhes dar mais uma prova, e eu darei por terminado. Certos sentimentos são
atribuídos ao Espírito Santo, que só podem ser compreendidos somente sobre a
suposição de que Ele seja realmente uma pessoa. No 4º capítulo de Efésios,
versículo 30, diz que o Espírito Santo pode ser entristecido: “E não
entristeçais o Espírito de Deus, no qual foste selado para o dia da redenção”.
Em Isaías, capítulo 63, versículo 10, diz que o Espírito Santo pode ser
envergonhado: “Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu Santo Espírito,
pelo que se lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles”. Em Atos
capítulo 7, versículo 51, se lê que o Espírito Santo pode ser resistido:
“Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre
resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o
fazeis”. E no 5º capítulo, versículo 9, do mesmo livro, você vai encontrar que
o Espírito Santo pode ser tentado. Nós somos informados que Pedro disse a
Ananias e Safira: “Porque entraste em acordo para tentar o Espírito do Senhor?”
Agora, essas coisas não poderiam ser emoções para serem atribuídas a uma
qualidade ou emanação; elas têm que ser entendidas como relacionadas a uma
pessoa; uma influência não pode ser entristecida, tem que ser uma pessoa para
que possa ser entristecida, contristada ou resistida.
E agora,
queridos irmãos, eu acho que tendo estabelecido por completo a questão da
personalidade do Espírito Santo; permitam-me agora, com a maior seriedade,
imprimir sobre vocês a absoluta necessidade de estar firmes na doutrina da
Trindade. Eu conheci um homem, ele é agora um bom ministro de Jesus Cristo, e
acredito que ele o era antes de ter virado os olhos para a heresia – ele
começou a duvidar da gloriosa divindade do nosso bendito Senhor, e por anos ele
pregou a doutrina heterodoxa, até que um dia aconteceu de ele ouvir pregando um
velho ministro muito excêntrico sobre o texto, “Mas ali, o nos será grandioso,
fará as vezes de rios e correntes largas; barco de remo nenhum passará por
eles, navio grande por eles não navegará. Seu cordame está solto; eles não
podem bem firmar o mastro, eles não podem abrir as velas”. “Agora”, disse o
velho ministro, “vocês abandonem a Trindade, e o seu cordame estará solto,
vocês não podem firmar os seus mastros. Uma vez abandonada a doutrina das três
pessoas, o cordame todo se foi; seu mastro, que devia ser um suporte para sua
embarcação, é um esqueleto descalcificado, e treme”. Um Evangelho sem a
Trindade! É uma pirâmide construída sobre o seu pico. Um Evangelho sem a
Trindade! É uma corda de areia que não pode se sustentar. Um Evangelho sem a
Trindade! Então certamente, Satã pode derrotá-lo. Mas dê-me um Evangelho com a
Trindade, e o poder do inferno não poderá prevalecer contra ele; nenhum homem
poderá despedaçá-lo mais do que uma bolha dividir uma pedra, ou uma pluma
dividir ao meio uma montanha. Apegue-se a o pensamento das três pessoas, e você
terá a medula de toda a Divindade. Apenas conheça o Pai, e conheça o filho e
conheça o Espírito Santo como sendo um e todas as coisas parecerão claras. Essa
é a chave de ouro para os segredos da natureza; esse é o fio de seda para os
labirintos do mistério, e quem compreende isso, cedo compreenderá tanto quanto
aos mortais é dado saber.
II. Agora para nosso segundo tópico é– a ação unida na obra da
nossa salvação. Olhe para esse texto, e você vai encontrar todas as
três pessoas mencionadas. “Eu” – que é o filho – “orarei ao Pai, e Ele lhes
dará um outro Consolador.” Aí estão três pessoas mencionadas, todas elas
fazendo alguma coisa para a nossa salvação. “Eu orarei,” diz o Filho. “Eu
enviarei,” diz o Pai. “Eu consolarei,” diz o Espírito Santo.
Agora vamos
por uns poucos momentos discorrer sobre esse tema maravilhoso – a unidade das
três pessoas com vistas ao grande propósito da salvação dos eleitos. Quando
Deus no início criou o homem, ele disse: “o homem,” e não fazer, mas, “Façamos
o homem à nossa semelhança e imagem.” Eloim em aliança, disse um ao outro,
“tornemo-nos de maneira unida o criador o homem.” Portanto, em antiguidades a
muito passadas, na eternidade, eles disseram, “Vamos salvar o homem,” não foi o
Pai quem disse, “ salvar o homem, mas as três pessoas conjuntamente disseram,
em um consenso, “ salvar o homem.” Para mim é uma fonte de doce conforto pensar
que não é uma pessoa da Trindade que está engajada com a minha salvação; e não
é simplesmente uma pessoa da Divindade que promete que vai me redimir; mas é um
glorioso trio de Pessoas, e os três declaram, de maneira unida, “ vamos salvar
o homem.”
Agora,
observe aqui que se fala de cada pessoa como desempenhando um papel separado.
“Eu orarei,” diz o Filho; isso é intercessão. “Eu enviarei,” diz o Pai, isso é
doação. “Eu confortarei,” diz o Espírito Santo; isso é influência sobrenatural.
Oh! Se fosse possível para nós vermos as três pessoas da Trindade,
contemplaríamos um deles diante do trono, com as mãos estendidas, clamando dia
e noite: “Oh! Senhor, até quando?” Veríamos alguém cingido de Urim e Tumim,
pedras preciosas, nas quais estão escritos os doze nomes das tribos de Israel;
nós O contemplaríamos, clamando ao seu Pai: “Não se esqueça das suas promessas,
não se esqueça da sua aliança;” nós o ouviríamos fazer menção das nossas
mágoas, e continuar falando das nossas tristezas e em nosso benefício, porque
Ele é o nosso intercessor. E nós poderíamos contemplar o Pai, e não O veríamos
como um desinteressado e indolente espectador da intercessão do Filho, mas O
veríamos de ouvidos atentos, ouvindo cada palavra de Jesus e concedendo cada
petição. Onde está o Espírito Santo enquanto isso? Ele está deitado, sem fazer
nada? Ah! Não! Está flutuando sobre a Terra, e quando Ele vê uma alma
desgastada, ele diz: “Venha a Jesus que Ele lhe dará descanso;” quando Ele
contempla um olhar cheio de lágrimas, Ele enxuga as lágrimas, e alerta o que
chora a buscar conforto na cruz; quando Ele vê o crente jogado pela tempestade,
Ele toma a proteção de Sua alma e fala a palavra de consolação; Ele ajuda o de
coração quebrado, e sara as suas feridas; e, sempre em Sua missão de
misericórdia, Ele voa em volta do mundo, estando presente em todos os lugares.
Veja como as três pessoas trabalham juntas. Portanto não diga: “Eu sou grato ao
Filho”- tal como deveria ser, mas Deus o Filho não salva você mais que Deus o
Pai. Não imagine que Deus o Pai é um grande tirano, e que Deus o Filho teve que
morrer para torná-lo misericordioso. Não foi para fazer o amor do Pai para com
o seu povo.
Oh! Não!
Um ama tanto quanto o outro; os três estão trabalhando em conjunto no grande
propósito de resgatar os eleitos da condenação. Mas você deve notar outra coisa
no texto que mostrará a abençoada unidade dos três – as promessas de uma pessoa
pelas outras. O Filho diz: “Eu orarei ao Pai.” “Muito bem,” os discípulos podem
ter dito, “nós podemos crer em você para isso.” “E ele lhes enviará.” Você vê,
aqui está o Filho sinalizando uma ligação no nome do Pai. “Ele lhes enviará um
outro Consolador.” Há uma ligação que diz respeito ao Espírito Santo também. “E
ele habitará para sempre convosco.” Uma pessoa fala pela outra, e como
poderiam, se existisse qualquer desentendimento entre elas? Se um quer salvar,
e o outro não, eles não poderiam prometer pelo outro. Mas a tudo que o Filho
disser, o Pai dá ouvidos; qualquer coisa que o Pai promete, o Espírito Santo
opera; e, qualquer coisa que o Espírito Santo injeta na alma, isso o Deus Pai
cumpre. Portanto, os três juntos mutuamente prometem um em nome do outro.
Existe uma ligação com três nomes apensos – Pai, Filho e Espírito Santo. Por
três coisas imutáveis, bem como por duas, o cristão está em segurança além do
alcance morte e do inferno. Uma Trindade de seguranças, porque existe uma
Trindade de Deus.
III. Nosso terceiro tópico é a habitação do Espírito Santo nos
crentes. Agora amados, essas duas primeiras coisas têm sido assunto de pura
doutrina; esse é o assunto de experiência. A habitação do Espírito Santo é um
assunto tão profundo, e assim tendo a ver com interior do homem, que nem uma
alma estará verdadeira e realmente capacitada a compreender o que eu digo, a
menos que ela tenha sido ensinada por Deus. Eu tenho ouvido de um velho
ministro, que disse a um amigo de uma das Faculdades de Cambridge, que ele compreendia
uma língua que nunca tinha aprendido na vida. “Eu não tenho,” ele disse “sequer
o mais superficial conhecimento de grego, e não sei latim, mas graças a Deus,
eu posso falar a língua de Canaã, e isso é mais do que você pode”. Portanto
amados, agora eu terei que falar um pouco da língua de Canaã. Se você não puder
me compreender, eu tenho muito medo de que seja porque você não seja da
linhagem Israelita; você não seja um filho de Deus, nem um herdeiro do reino
dos céus.
O texto
nos diz que Jesus mandaria outro Consolador, que habitaria nos santos para
sempre; que habitaria com eles, e estaria neles. O velho Inácio, o mártir,
costumava chamar a si mesmo de Teóforo, ou o que carrega Deus, “porque,” ele
dizia, “Eu carrego comigo por onde vou o Espírito Santo.” E verdadeiramente,
cada cristão é um transportador de Deus. “Não sabeis que sois o templo do
Espírito Santo? Porque ele habita em vos?” Não é cristão o homem que não é
objeto da habitação do Espírito Santo; ele pode falar bem, ele pode entender de
teologia, ser um firme Calvinista; ele será um filho da natureza finamente
vestido, mas não o filho da vida. Ele pode ser um homem de um profundo
intelecto, uma alma tão gigantesca, uma mente tão compreensiva, grande
imaginação, que ele pode mergulhar em todos os segredos da natureza, pode
conhecer caminhos que os olhos da águia não viram, e ir a profundezas onde o
comum dos mortais não alcança, mas ele não será um cristão com toda a sua
sabedoria. Ele não será um filho de Deus com todas as suas buscas, a menos que
ele compreenda o que é ter o Espírito Santo habitando nele e permanecendo nele;
sim, e isso para sempre.
Algumas
pessoas chamam a isso de fanatismo, e eles dizem: “Você é um Quaker; porque não
segue George Fox?” Bem, nós não devíamos nos importar muito com isso: nós
deveríamos seguir qualquer um que seguisse o Espírito Santo. Mesmo ele, com
todas as suas excentricidades, eu não duvido, era em muitos casos,
verdadeiramente inspirado pelo Espírito Santo; e seja quando for que eu
encontre um homem em quem está o Espírito de Deus, o Espírito dentro de mim dá
pulos para ouvir Espírito dentro dele, e nós sentimos que somos um.
O Espírito de Deus na alma de um cristão reconhece o Espírito em outra. Eu
recordo a conversa com um bom homem, como eu acreditava que ele fosse, que
estava insistindo que era impossível para nós saber se tínhamos o Espírito
Santo dentro de nós ou não. Eu gostaria que ele estivesse aqui nessa manhã,
porque eu iria ler este versículo para ele: “Mas vós o conheceis, porque ele habita
convosco, e estará em vós”. Ah! Você pensa que não pode dizer se tem ou não o
Espírito Santo. Eu posso dizer se estou vivo ou não? Se eu fosse tocado pela
eletricidade, poderia contar se fui ou não? Eu acho que sim; o choque seria
forte o suficiente para me fazer saber onde eu estava. Assim, se eu tenho Deus
dentro de mim – eu tenho a Divindade habitando o tabernáculo do meu coração. Se
eu tenho Deus o Espírito Santo descasando no meu coração, e fazendo do meu
corpo um templo, você acha que eu vou saber disso? Chame isso de fanatismo se
quiser, mas eu acredito que existem alguns de nós que sabem o que é estar
sempre, ou geralmente, sob a influência do Espírito Santo – sempre em um
sentido, geralmente em outro. Quando temos dificuldades nós pedimos a direção
do Espírito Santo. Quando não compreendemos uma porção das Sagradas Escrituras,
nós pedimos a Deus o Espírito Santo para brilhar sobre nós. Quando estamos
deprimidos o Espírito Santo nos conforta. Nós não podemos dizer o que o
maravilhoso poder da habitação do Espírito Santo é; como ele puxa para trás a
mão do santo quando vai tocar a coisa proibida; como ele o prontifica para
fazer uma aliança com seus olhos; como ele amarra os seus pés, para que eles
não caiam em um caminho escorregadio; como ele retém o seu coração, e o guarda
da tentação. Ah! Sim! Quem nada sabe sobre a habitação do Espírito Santo, não a
despreze. Oh! Não despreze o Espírito Santo, porque esse é o pecado que não tem
perdão. “Aquele que falar uma palavra contra o Filho do Homem, será perdoado,
mas aquele que falar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, nem nessa
vida nem na vindoura”. Assim diz a Palavra de Deus. Portanto tremei, para que
em nada desprezemos as influências do Espírito Santo.
Mas antes
de fechar esse tópico, existe uma expressão que me agrada muito, que é “para
sempre.” Você sabia que eu não me esqueceria dela; você sabia que eu não podia
deixar passar sem observação. “Habitar para sempre convosco”. Eu gostaria de
ter um arminiano aqui para finalizar o meu sermão. Eu fantasio que o vejo com
essa expressão “para sempre”. Ele diria, “para – para sempre”; ele iria
gaguejar e engasgar;
porque ele
não poderia entender de imediato. Ele poderia ficar em pé e dar voltas com ela,
e por último teria de dizer: “A tradução está errada”. E eu suponho que o pobre
homem teria que provar que o original também estava errado. Ah! Mas bendito
seja Deus porque nós podemos ler: “Ele habitará convosco para sempre”. Uma vez
que me tenha sido dado o Espírito Santo, e eu nunca o perderei, até que “para
sempre” tenha se transcorrido; até que a eternidade tenha dado suas infindáveis
voltas.
IV. Agora temos que olhar de perto uma breve afirmação sobre a razão
pela qual o mundo rejeita o Espírito Santo. Está dito, “A quem
o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece”. Você sabe o que às
vezes se quer dizer com “o mundo” – aqueles de quem Deus em sua maravilhosa
soberania passou por cima quando escolheu o Seu povo: os preteridos; aqueles de
quem Deus passou por cima em Sua maravilhosa preterição – não os réprobos que
foram condenados a danação por algum decreto medonho; mas aqueles passados por
cima por Deus quando Ele separou os Seus eleitos. Esses não podem receber o
Espírito. Novamente, isso significa que todos que estão em um estado carnal,
não estão capacitados a procurar por si mesmos essa divina influência; e, assim
isso é verdade, “A quem o mundo não pode receber”. O mundo não regenerado de
pecadores despreza o Espírito Santo, “porque não o vê”. Sim, eu acredito que
esse é o grande segredo porque muitos riem da idéia da existência do Espírito
Santo – porque eles não o vêem. Você diz ao mundano: “Eu tenho o Espírito Santo
dentro de mim”. Ele diz: “Eu não estou vendo”. Ele quer que seja alguma coisa
tangível – uma coisa que ele possa reconhecer com os seus sentidos. Você já
ouviu o argumento usado por um velho e bom cristão contra um médico descrente?
O médico disse que não existe alma, “Você alguma vez já viu uma alma?” “Não”,
disse o cristão. “Você alguma vez já ouviu uma alma?” “Não”. “Você alguma vez
já cheirou uma alma?” “Não”. “Você alguma vez já provou o gosto de uma alma?”
“Não”.
“Você alguma vez já sentiu uma alma?” “Sim”. Disse o homem –“eu sinto que tenho
uma dentro de mim”. “Bem”, disse o médico, “são quatro sentidos contra um; você
só tem um do seu lado.” “Muito bem”, disse o Cristão, “Você alguma vez já viu
uma dor?” “Não”. “Você alguma vez já ouviu uma dor?” “Não”. “Você alguma vez já
cheirou uma dor?” “Não”. “Você alguma vez já provou o gosto de uma dor?” “Não”.
“Você alguma vez já sentiu uma dor?” “Sim”. “E isso é bem suficiente, eu
suponho, para provar que a dor existe?” “Sim”. Portanto a pessoa do mundo diz
que não há Espírito Santo porque ele não pode vê-lo. Bem, mas nós o sentimos.
Você diz que isso é fanatismo, e que nós nunca O sentimos. Suponha que você me
diga que mel é amargo, eu respondo, “Não, eu tenho certeza de que você não pode
ter provado do mel; prove e experimente”. Assim é com o Espírito Santo; se você
não fez mais do que sentir a Sua influência, você não devia mais dizer que não
existe o Espírito Santo, porque você não pode vê-lo. Não existem muitas coisas,
mesmo na natureza, que nós não podemos ver? Alguma vez você já viu o vento?
Não; mas você sabe que existe o vento e você contempla o furacão jogando as
ondas para todos os lados, e pondo abaixo as moradias dos homens; ou quando, no
agradável zéfiro da tarde, ele beija as flores, e faz as gotas de orvalho se
pendurarem como tiaras de pérolas em volta das rosas. Você já viu a
eletricidade? Não; mas você sabe que tal coisa existe, porque ela viaja pelos
fios por milhares de milhas, e leva as nossas mensagens; ainda que você não
possa ver a coisa propriamente dita, você sabe que tal coisa existe. Portanto
você precisa acreditar que existe o Espírito Santo trabalhando em nós, tanto
para querer como para fazer, mesmo que esteja além dos nossos sentidos.
Mas a
última razão pela qual os homens do mundo riem da doutrina do Espírito Santo,
é, porque eles não O conhecem. Se eles O conhecessem por experiência vivida em
seus próprios corações e se eles reconhecessem a Sua ação na alma; se eles
alguma vez tivessem sido tocados por Ele; se eles tivessem sido feitos para
tremer sob o sentimento do pecado; se eles tivessem os seus corações
derretidos, eles nunca teriam duvidado da existência do Espírito Santo.
E agora
amados, ele diz: “Ele habitará convosco, e estará em vós”. Vamos encerrar com
essa doce lembrança – o Espírito Santo habita em todos os crentes e estará com
eles. Uma palavra de comentário e advertência aos santos de Deus, e aos
pecadores, e eu terei terminado. Santos do Senhor! Nessa manhã vocês ouviram
que Deus o Espírito Santo é uma pessoa; vocês tiveram isso provado para as
vossas almas. E o que segue após isso? Segue-se quão intensamente você deveria
estar em oração Espírito Santo, bem como o Espírito Santo. Deixe-me dizer que
isso é uma inferência que você deveria elevar as suas orações ao Espírito
Santo: que você devia clamar seriamente a Ele; porque Ele é capaz de fazer
abundante-mente acima de tudo que você possa falar ou pensar. Veja essa massa
de gente.
O que é
convertê-la? Vê essa multidão? Quem faz minha influência permear através da
massa? Você sabe que esse lugar agora tem uma poderosa influência, e, se Deus
nos abençoar, haverá uma influência não apenas sobre essa cidade, mas sobre
toda a Inglaterra; porque agora nós empregamos a imprensa bem como o púlpito; e
certamente, eu diria, antes do fim do ano, mais de duzentos mil das minhas
produções estarão espalhados pela nação – palavras pronunciadas pelos meus
lábios, ou escritas com a minha pena. Mas como pode essa influência ser
traduzida para o bem? Como será a glória de Deus promovida por ela? Somente por
incessante oração para o Espírito Santo; por constante clamor da descida da
influência do Espírito Santo sobre nós; nós queremos que Ele pouse sobre cada
página que é impressa, e sobre cada palavra que é pronunciada. Vamos então ser
duplamente sinceros ao suplicar ao Espírito Santo, para que Ele venha e seja o
Senhor dos nossos trabalhos; que a igreja inteira no sentido mais amplo possa
ser revivida dessa maneira, e não apenas nós mesmos, mas o mundo todo partilhar
os benefícios.
E então,
aos sem Deus, eu tenho essa palavra de encerramento a dizer. Seja sempre
cuidadoso em como falar do Espírito Santo. Eu não sei o que é o pecado que não
tem perdão, e eu não imagino que qualquer homem possa entender isso; mas é
alguma coisa mais ou menos assim: “Aquele que falar uma palavra contra o
Espírito Santo, nunca será perdoado”. Eu não sei o que isso quer dizer; cuidado
com seus passos! Existe perigo; há um buraco que a nossa ignorância cobriu com
areia; cuidado com seus passos! Você pode estar nele antes da próxima hora. Se
existe um conflito em seu coração hoje, talvez você vá a algum bar para
esquecer. Talvez exista alguma voz falando na sua alma, e você a empurre para
longe. Eu não digo que você estará resistindo o Espírito Santo, e cometendo o
pecado imperdoável; mas, é mais ou menos por aí. Seja muito cuidadoso. Oh!, não
existe na terra um crime tão negro como o crime contra o Espírito Santo! Você
pode blasfemar do Pai, e será condenado por isso, a menos que se arrependa;
você pode blasfemar contra o Filho e o inferno será a sua porção, a menos que
seja perdoado; mas blasfeme contra o Espírito Santo, e assim diz o Senhor: “Não
haverá perdão, nem neste mundo nem no que está por vir”. Eu não posso lhes
dizer o que é; eu não declaro que compreendo; mas isso está aí. É o sinal de
perigo; pare! Homem, pare! Se você tem desprezado o Espírito Santo – se você
tem rido de Suas revelações, e depreciado o que os cristãos chamam de Sua
influência, eu lhes imploro, parem! Nessa manhã deliberem seriamente. Talvez
alguns de vocês tenham realmente cometido o pecado imperdoável; pare! Deixe que
o medo o faça parar; sente-se. Não saia dirigindo tão loucamente como já fez,
Jeú! Oh! Moderem as suas rédeas! Vocês que são tão dissolutos no pecado – vocês
que têm pronunciado palavras tão duras contra a Trindade, parem! Ah! Isso faz todos
nós pararmos. Faz todos nós nos movermos e dizer, “Será que eu também não fiz
isso?” Vamos pensar nisso; e não sufoquemos em nenhum momento as palavras ou os
atos de Deus, o Espírito Santo.
Sermão
(nº. 4)
Pronunciado à 21 de janeiro de 1855,
Dia do Senhor, pela manhã pelo
Rev. C. H. Spurgeon
na New Park
Street Chapel, em Southwark (Inglaterra)...
LucioFidalgo
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