A Origem da Cruz no Cristianismo
por G. H. Pember
por G. H. Pember
Venerar
o Instrumento da Morte de Jesus? Por que o instrumento de madeira no qual
Satanás destruiu a vida humana do Senhor Jesus deveria ser venerado, adorado e
designado como um sinal sobre o povo de Deus? Se um parente muito chegado, ou
um amigo intimo fosse assassinado, guardaríamos a arma usada em ato tão vil?
Iríamos venerar ou marcar sobre nós sua forma e sobre todos os que amavam a
vítima? Iríamos desenvolver algo tão doentio, que nos levasse a imaginar que
não poderíamos lembrar do falecido a menos que colocássemos o maldito
instrumento da sua morte diante dos nossos olhos? Seria possível o instrumento
nos fazer esquecer o falecido? Poderíamos permitir que o instrumento que o
matou o substituísse em nossa afeição? Poderíamos chegar até mesmo a adorar o
instrumento em parte ou plenamente? Se alguém agisse dessa forma, certamente
seria visto como acometido de loucura.
Por
que então, os homens cometem esta tolice no caso da cruz de Cristo? Se a
intenção deles fosse celebrar a vitória de Satanás, tal conduta seria
justificada; mas que outra base existe fora dessa? Algum outro motivo além do
amor a Cristo deve ter originalmente preparado esta veneração da cruz, mas a
explicação para tal só seria encontrada no costume Católico, depois que os
homens tivessem sido ligado a ela (cruz) por meio da superstição.
A Cruz vem do Paganismo
A cruz foi conhecida nos cultos pagãos? Certamente que sim. Podemos encontrá-la
nas relíquias dos Babilônios e Assírios; ela pode ser vista na mão dos maiores
deuses Egípcios (na forma da cruz ansata). C. W. King comentou: É espantoso
como os simbolismos dos Egípcios e os de segunda mão dos Indianos passaram a
ser usados nos tempos subseqüentes. Desse modo, a mitra e o cajado em forma de
gancho do (falso) deus, se tornou a mitra e báculo do bispo; o termo "nun"
(freira) é puramente egípcio e tinha o mesmo significado atual: o oval ereto,
símbolo do Principio Feminino da Natureza, se tornou a "Vesica Piscis"
(Bexiga do Peixe) e uma figura para coisas Divinas; a "Cruz Ansata",
testificando a união do Principio do Macho e da Fêmea na forma mais obvia e
indicando fecundidade e abundância, conforme é levada na mão do (falso) deus, é
transformada por uma simples inversão no Globo encimado pela cruz e a insígnia
da realeza (Os Gnósticos e Suas Relíquias, pg. 72).
Crus Ansata (ou tau)
Vesica Piscis (Bexiga do
Peixe)
Veremos
que ela sempre foi um objeto de veneração entre os Budistas; os Druidas a
enfeitavam e atavam seu carvalho sagrado na forma de cruz; e os espanhóis
ficaram surpresos quando a viram erigida e cultuada entre os nativos pagãos no
México. E em toda parte o significado do símbolo era o mesmo: a vida e
fecundidade, pois indicava a união dos sexos e era o grande símbolo do culto da
Natureza. E este fato nos permite entender porque algumas vezes, tal como
acontece entre os Budistas e Maniqueus, ela aparece como uma cruz brotando e
florescendo.
Da
mesma podemos perceber a origem do tratamento dado a ela no Ofício Romano da
Cruz: “Salve, ó Cruz, madeiro triunfal, verdadeira salvação do mundo, entre as
árvores não existe nenhuma como tu em folha, flor e botão”. Na verdade, esta
rapsódia foi colocada em versos pelos conspiradores de Oxford, para os membros
da Igreja da Inglaterra, através das seguintes palavras: “Ó Cruz fiel, tu
madeiro inigualável, floresta nenhuma pode produzir outra semelhante a ti, em
folha, flor e botão. Doce é a madeira e doce o peso, e doce os cravos que em Ti
penetram, ó doce madeiro”. Mas pior ainda é a outra forma em que ela aparece
nos “Hinos Antigos e Modernos”, o Hinário mais popular da Igreja Estabelecida:
“Cruz fiel, acima de todos os outros, o único Madeiro nobre; nenhuma se iguala
a Ti na folhagem, no florescer e nos frutos; madeiro mais fragrante e cravos
mais doces, peso mais suave é colocado sobre ti”. É possível acreditar que a
Inglaterra aceite esse disparate sentimental pagão como cristianismo, e ainda
mais no alvorecer do século vinte? O tempo realmente chegou para o cumprimento
da profecia: “As trevas cobrirão a terra, e densas trevas os povos”.
Sua introdução no Cristianismo
Mas
se a veneração da Cruz pelos cristãos parece anormal, e sabemos que o símbolo
era um objeto de culto universal no mundo pagão, é possível encontrar algum
exemplo histórico da sua transferência do paganismo para o cristianismo? Sobre
isso a seguinte citação de Wilkinson pode trazer alguma luz, e mostrará, pelo
menos, que eminentes autoridades tiveram vislumbres do fenômeno para a qual a
atenção do leitor está sendo dirigida: “Outra cerimônia representada nos
templos era a benção concedida pelos deuses sobre o rei, no momento em que ele
assumia as rédeas do governo, Eles punham as mãos sobre ele e o presenteavam
com o símbolo da vida (a Cruz Ansata), prometendo que seu reino desfrutaria de
tranqüilidade, com certa vitória sobre seus inimigos; o rei recebia as
boas-vindas (dos deuses) e também declarações apropriadas de aprovação; e por
cima disso, em outras ocasiões, o tau (T) sagrado, ou o sinal da vida, era presenteado
a ele, um símbolo que, com o centro de pureza, era geralmente colocado nas mãos
dos deuses”.
Estas
duas coisas eram consideradas as maiores dádivas concedidas ao homem pela
divindade... um fato marcante pode ser mencionado com respeito a esse sinal
hieróglifo (o tau, ou cruz ansata) que os cristãos primitivos do Egito adotaram
no lugar da cruz, fixando-a para inscrições, da mesma forma que a cruz nos
tempos posteriores (Egípcios Antigos). Em outras palavras, eles continuaram a
ver o tau (T) ou cruz ansata, mesmo depois de terem assumido o nome de cristão,
exatamente como faziam quando eram pagãos reconhecidos. Entretanto, no decorrer
do tempo, quando se fez necessário ocultar seu evidente paganismo debaixo de um
grosso véu, eles mudaram a cruz ansata (T) para o formato mais comum da cruz. O
significado era o mesmo, embora não o expressasse tão amplamente.
Ajuntando todos os fatos que foram reunidos, explicamos a origem da veneração
da cruz:
1. O símbolo era um
objeto de adoração no culto pagão à natureza, como símbolo da vida
2. Sua forma
geralmente se assemelhava à cruz onde os escravos e os que não tinham cidadania. Romana
eram executados;
3. Aproveitando essa
coincidência, Satanás efetuou a morte do Senhor Jesus por meio da cruz, pois o seu propósito era empurrar para dentro do cristianismo um símbolo tão
depravado e ídolo do paganismo.
No
terrível momento de Sua morte, parece que nosso Senhor Se submeteu ao poder de
Satanás, conforme a predeterminação do conselho de Deus. Certamente esse é o
significado das Suas palavras àqueles que O prenderam: “Esta é a vossa hora e o
poder das trevas” (Lc 22:53); isto é, “esta é a hora destinada pelo decreto de
Deus para a realização da vossa obra; pois a multidão que vejo diante de Mim é
dirigida pelo Poder das Trevas, que agora deve ter seu triunfo passageiro”.
E
tudo indica que a decisão de Satanás em usar ao máximo o poder colocado em suas
mãos, como ele fez no caso de Jó, foi o que selou sua condenação. Pois, quando
o Senhor indicou que a hora dos Seus sofrimentos e morte havia chegado. Ele
disse: “Agora é o juízo deste mundo. Agora o príncipe deste mundo será lançado
fora” (Jo 12:27-33). Assim o Diabo forneceu aos convertidos pagãos uma desculpa
para continuarem com um culto favorito: a antiga veneração que eles dedicavam
ao símbolo da vida (T), levando-os a negligenciar o seu reaparecimento absurdo
como cruz entre os cristãos. O que se pretendia com essa introdução é evidente:
o alvo era corromper a fé e materializar aquilo que deveria ser exclusivamente
de caráter espiritual. Portanto, venerar a cruz é puro paganismo! Aquele que
sofreu sobre a cruz por amor de nós é Quem deve ser venerado, adorado, cultuado
e servido de todo o nosso coração, e alma, e força!
Entretanto, se formos insultados com as mesmas circunstâncias vergonhosas da
Sua morte, devemos estar dispostos a participar do Seu opróbrio, e nos tornamos
semelhantes a Ele como a escória do mundo e lixo de todas as coisas, e a clamar
com Seu Apostolo: “Nos gloriamos na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo!” Mas se
nos apresentarem a forma da cruz de madeira, só podemos responder como Paulo
teria feito: É o madeiro maldito e símbolo da superstição!
LucioFidalgo
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