Oração...
TEXTO ÁUREO = “Mas tu, quando orares, entra no
teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que esta oculto;
e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará (Mt 6.6).
VERDADE PRÁTICA = A oração do crente não tem como
propósito atrair a atenção dos homens, mas é o meio por excelência de seu
encontro pessoal com Deus.
LEITURA EM CLASSE = MATEUS 6.5-13
INTRODUÇÃO
A Bíblia inteira exorta o crente à oração. Sem
esse recurso valioso e indispensável à vitória contra o mal, é impossível o
crente e a igreja resistirem às investidas das heresias. Há lugares em que
igrejas se dividem perdendo membros para seitas e movimentos estranhos que se
apresentam com feição de cristã, de avivalismo e de aparente santidade. Só com
muita oração intercessória, sabedoria divina e estudo da Palavra de Deus é que
o erro pode ser exposto e repelido.
I. APRENDENDO O VALOR DA ORAÇÃO
1. Aprendendo com os heróis da fé. Os heróis
descritos em Hebreus 11 exercitaram sua fé através da oração. Não só eles, mas
outros personagens da Bíblia tiveram igual experiência. Abraão subiu ao monte
Moriá, para o sacrifício de Isaque, porque seu nível de comunhão com Deus
através da oração era tal que ele sabia tratar-se de uma prova de sua fé.
Confira Gn 22.5,8. É o exemplo da oração que persevera e confia. Enoque
vivenciou a oração de maneira tão intensa que a Bíblia o denomina como aquele
que andava com Deus. Ver Gn 5.21-24. É o exemplo da oração em todo o tempo.
Moisés trocou a honra e a opulência dos palácios egípcios porque teve o
privilégio de falar com o Senhor face a face e com ele manter íntima comunhão
por toda a vida. Ver Êx 3.1-22; 4.1-17. É o exemplo da oração que muda as
circunstâncias. Entre os profetas destaca-se, Elias, cujo exemplo Tiago
aproveita para ‘ensinar que o crente, sujeito às mesmas fraquezas, pode manter
a mesma postura do profeta diante de Deus. Ver Tg 5.17,18. É o exemplo da oração
que supera as deficiências humanas.
Esse heróis são as testemunhas mencionadas em Hb
12.1. Ou sej a, se eles, que não viveram na dispensação do Espírito Santo,
tiveram condições de viver de modo tão intenso na presença de Deus, quanto mais
o crente, hoje, que conta com o auxílio permanente e direto do Espírito Santo,
movendo-o para uma vida de oração. Este é o cerne do ensino que o novo crente
precisa receber. Ele necessita, deve e pode ter a mesma vida de oração que os
santos da Bíblia e tantos outros que a história eclesiástica registra, como
George Mulier, João Hide, Lutero e Maria Slessor.
2. Aprendendo com Jesus. O maior exemplo de
oração, no entanto, foi o próprio Mestre. Sendo ele o Filho de Deus, cujos
atributos divinos lhe asseguravam o direito de agir sobrenaturalmente, poderia
dispensar a oração como prática regular de sua vida. No entanto, ao
humanizar-se, esvaziou-se de todas as prerrogativas da divindade e assumiu em a
natureza humana (ver Fp 2.5-8) experimentando todas as circunstâncias inerentes
ao homem, inclusive a tentação. Ver Hb 4.15; compare Mt 4.1-11. Ora, isto
significa que o Senhor dependeu tanto da oração como qualquer outra pessoa que
se proponha a servir integralmente a Deus. Ela foi o instrumento pelo qual pôde
suportar as afrontas, não dar lugar ao pecado, tomar sobre si o peso da cruz e
vencer o maligno. Confira Mt 26.36-46.
Os evangelhos registram a vida de oração do
Mestre. Ele orava pela manhã (Mc 1.35),à tarde (Mt 14.23) e passava noites
inteiras em comunhão com Deus (Lc 6.12). Se ele viveu esse tipo de experiência
24 horas por dia, de igual modo Deus espera a mesma atitude de cada crente. Não
apenas uns poucos minutos, com palavras rebuscadas de falsa espiritualidade,
para receber as honras do homem, mas em todo o tempo, como oferta de um coração
que se dispõe a permanecer humildemente no altar da oração.
II. A NECESSIDADE DA ORAÇÃO NA VIDA DO CRENTE
1. A definição teológica de oração. A oração não
é algo formal, para atrair a atenção dos homens, como faziam os fariseus, e por
isso foram condenados (v. 5). Eles estavam acostumados a orar formalmente 18
vezes ao dia, segundo as leis herdadas dos antepassados, e observavam com rigor
pontual os horários destinados à oração, onde quer que estivessem. Por isso,
com freqüência eram obrigados a orar em público, e os judeus, admirados, sempre
os surpreendiam em sua prática nas esquinas das ruas. A oração passou a ter,
então, caráter de mero ritualismo sem consistência espiritual, onde o que
contava era a exterioridade sofisticada de palavras vazias para receber o
louvor humano.
A oração também não é como a reza, uma repetição
interminável de enunciados que não traduzem os sentimentos do coração (v. 7).
Este era o costume dos gentios, adeptos das religiões politeístas, que horas a
fio repetiam mecanicamente as mesmas palavras diante dos deuses, o que mereceu
a veemente reprovação do Senhor Jesus, pois o mesmo estava ocorrendo com os
praticantes da religião judaica.
Afinal, o que é oração? A melhor definição
encontra-se, é óbvio, na Bíblia. Nenhum conceito teológico expressa com a mesma
clareza e simplicidade o que ela significa. A oração é, segundo as Escrituras,
uma via de mão dupla através da qual o crente, com seu clamor, chega à presença
de Deus, e este vem ao seu encontro, com as respostas. Ver Jr 33.3.
A oração é fruto espontâneo da consciência de um
relacionamento pessoal com o Todo-poderoso, onde não há espaço para monólogo,
pois quem ora não apenas fala, mas também precisa estar disposto a ouvir. É um
diálogo onde o crente aprofunda sua comunhão com Deus e ambos conversam numa
linguagem que tem como intérprete o Espírito Santo. Ver Rm 8.26,27.
2. A ênfase da Bíblia para a oração. A Bíblia é o
livro da oração. Suas páginas evocam grandes momentos da história humana que
foram vividos em oração. Compare Js 10.12-15; 2 Rs 6.17. Desde o seu primeiro
livro, Gênesis, até o Apocalipse, fica claro que orar é parte da natureza
espiritual do ser humano, assim como a nutrição é parte do seu sistema
fisiológico. Os grandes fatos escatológicos, como previstos no último livro da
Bíblia, serão resultado das orações dos santos, que clamam a Deus ao longo dos
séculos pelo pleno cumprimento de sua justiça. Ver Ap 5.8; 8.3,4.
Orar não pode ser visto como ato de penitência
para meramente subjugar a carne. Em nenhum momento a Bíblia traz esta ênfase.
Oração não é castigo (assim como a leitura das Escrituras), idéia que alguns
pais equivocadamente passam para os filhos, quando os ordena a orar como
disciplina por alguma desobediência. Eles acabam criando verdadeira repulsa à
vida de oração, desconhecendo o verdadeiro valor que ela representa para as
suas vidas, por terem aprendido pela prática a reconhecê-la apenas como meio de
castigo pessoal. Ao contrário, se aprenderem que orar é ato que eleva o
espírito e brota de maneira espontânea do coração consciente de sua
indispensabilidade, como ensina a Bíblia, saberão cultivar a oração como
exercício de profunda amizade com Deus que resulta em crescimento espiritual.
Ver Cl 1.9. De igual modo, o mesmo acontecerá com o novo crente.
III. VIVENDO UMA VIDA DE ORAÇÃO
1. Como orar. A oração modelo, registrada em Mt
6.9-13, não é simplesmente uma fórmula para ser repetida. Se assim fosse, o
Mestre não teria condenado as “vãs repetições” dos gentios. Seria uma
incongruência. O seu propósito é revelar os pontos principais que dão forma ao
conteúdo da oração cristã. Ela não é uma oração universal, para toda a
humanidade, mas se destina exclusivamente àqueles que podem reconhecer a Deus
como Pai por intermédio de Jesus Cristo.
A oração do crente, sincera e completa em seu
objetivo, traz em si estes aspectos:
A) Reconhecimento da soberania divina (Pai nosso
que estás nos céus).
B) Reconhecimento da santidade divina
(Santificado seja o teu nome).
C) Reconhecimento da vinda do reino no presente e
sua implantação no futuro (Venha o teu reino).
D) Submissão sincera à vontade divina (Seja feita
a tua vontade)
E) Reconhecimento que Deus supre as necessidades
pessoais (O pão nosso de cada dia).
F) Disposição de perdoar para receber perdão
(Perdoa as nossas dívidas.., como perdoamos).
G) Proteção contra a tentação e as ações malígnas
(Não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal).
H) Desprendimento para adorar a Deus em sua
glória (Teu é o reino, e o poder, e a glória).
2. Onde e quando orar. Em princípio, o crente
deve orar em todo o tempo. Ver 1 Ts 5.17; Ff6.18. É um estado permanente de
comunhão com Deus, onde o seu pensar está li- gado às coisas que são de cima.
Ver Cl 3.2. E uma condição que não dá lugar para ser atingido pelos dardos
inflamados do inimigo, pois seu espírito está sempre alerta, através da oração.
Ele deve, no entanto, ter momento específicos de oração pela manhã, à tarde ou
à noite, como fez Jesus. Orações públicas, como as que se fazem nos cultos, são
também uma prática bíblica, desde que não repitam o formalismo, a exterioridade
e a opulência dos fariseus. O Senhor Jesus mesmo, por diversas vezes, orou
publicamente. Ver J0 11.41,42.
Todavia, o lugar onde se mede a intensidade da
comunhão do crente com Deus é no seu “lugar secreto” (v. 6) para estar a sós
com o Senhor. É ali, sozinho, com as portas fechadas para as coisas que o
cercam e abertas para o Senhor, que ele de fato revela se a oração é para si
mera formalidade ou meio que o conduz à presença de Deus para um diálogo
íntimo, pessoal e restaurador com aquele que deseja estar lado a lado com seus
filhos. “A menos que exista tal lugar, a oração pessoal não se manterá por
muito tempo nem de maneira persistente” (Bíblia de Estudo Pentecostal). Este é
o ensino que a Igreja deve dar ao novo crente.
IV. O CRENTE DEVE TER UMA VIDA EM ORAÇÃO
COLOSSENSES 4.2-6
1. Orando com perseverança (4.2a). “Perseverar
tem o sentido de dedicar-se, apegar-se, continuar firme; o que subentende
desvelada persistência, fervor e apego à oração” (BEP). A oração faz parte da
vida devocional do crente em Jesus, ao lado da leitura da Bíblia e do louvor
sincero. Ela deve ocupar um lugar especial em nossa vida diária com Deus. A
experiência demonstra que orar, no sentido estrito e pleno desta palavra, não é
fácil. O adversário do crente e da Igreja sempre engendra um meio para impedir
a oração. Ele sabe que, na vida diária de oração, está o segredo do sucesso
pessoal, e também da igreja no sentido coletivo. Davi era homem de oração como
vemos em Sl 55.17; 5.2,3; 119. 62,147, 164.
A questão não é apenas orar, mas orar
constantemente. Orar não somente muda as coisas, mas também muda o crente. Se
você não apenas precisa, mas quer mudar, ore mais e jejue também, se puder.
Jesus orou com agonia de alma, vezes seguidas no
Getsêmani, diante da extremamente dolorosa missão que deveria cumprir (Mt 26.44a).
Diz a Bíblia: Orai sem cessar” (1 Ts 5.17). Uma
das razões para o extraordinário crescimento da igreja em quantidade e
qualidade, em seus primórdios, foi a vida de oração dos crentes. Eles
“perseveravam… nas orações” (At 2.42).
2. Velando na oração (4.2b). No texto bíblico em
estudo, temos o imperativo divino: “Perseverai em oração, velando nela com ação
de graças”. O termo velar, no original, significa “estar vigilante”, “estar
alerta”. Como faz a sentinela no seu posto. “Velando nela” quer dizer estar
alerta durante o período de oração, por causa dos ardis do Inimigo contra a
oração. Também significa estar alerta na vida de oração. Em diversas
referências, a Bíblia chama a atenção para o valor da vigilância e da oração,
como em 1 Pe 4.7, “vigiai em oração”. Ë preciso vigiar para que o Diabo não nos
trague (1 Pe 5.8). Em Efésios, está escrito “orando em todo tempo… e vigiando
nisso com toda perseverança” (Ef 6.18).
3. Orando com ação de graças (4.2b). Um terceiro
elemento importante na oração, além da perseverança e vigilância, é a ação de
graças. De fato, nós temos muito mais a agradecer a Deus do que a lhe pedir. E
Deus nos dá muito mais do que pedimos ou pensamos (Ef 3.20). Na prática, porém,
o que ocorre é o inverso. Sempre há alguém pedindo mais do que agradecendo a
Deus. Na epístola de Paulo aos Colossenses, há sete referências a “ação de
graças” (1.3,12; 2.7; 3.15-17) e cada uma delas contém uma lição.
V. QUE DEUS NOS ABRA A PORTA DA PALAVRA (4.3)
1. Deus abre a porta. Paulo pede orações por ele
e por seus amigos: “orando também juntamente por nós”. Para que o evangelho
seja pregado, é necessário que “a porta da Palavra” esteja aberta. Em muitos
lugares, no mundo, as portas para a evangelização estão terrivelmente fechadas.
Às vezes, surge muita oposição diante das “portas” que se abrem (1 Co 16.9; 2
Co 2.12). A oração é necessária para que a Palavra de Deus tenha “livre curso”
(2 Ts 3.1). E só Deus pode abrir as portas da evangelização.
2. Falando do mistério de Cristo. Esse mistério
já houvera sido revelado por Paulo em textos anteriores da carta: “o mistério
que esteve oculto”, mas que “foi manifesto aos santos” (1.26), que é “Cristo em
vós, esperança da glória” (1.27). O apóstolo sabia quanto era difícil tentar
levar a mensagem aos perdidos.
As razões porque é difícil pregar o evangelho são
várias. Paulo distingue duas muito sérias:
1) O “homem natural” se opõe a Deus (1 Co 2.14;
Rm 8.7);
2) O Diabo persegue de muitas maneiras, inclusive
cegando os entendimentos (Ef 2.2; 2 Co 4.4). Diante disso, só o Espírito Santo
para convencer o pecador, cego, surdo e morto (Jo 16.8-11).
VI. COMO NOS CONVÉM FALAR (4.4)
Paulo estava preso naquela ocasião, mas cônscio
do dever de continuar a pregar a Palavra de Deus. O pedido que fizera aos
efésios (6.20), repetia-o aos colossenses, para que Deus lhe manifestasse a
forma conveniente de transmitir a mensagem da salvação. “Manifeste” (v.4) é no
original tornar claro, compreensível, notório, patente, público. E isso era o
que o apóstolo queria.
Mesmo estando encarcerado, não se conformava em
guardar a mensagem para si. Desejava que, a partir da prisão, o evangelho fosse
pregado na sua clareza, simplicidade e poder. Sem dúvida, era urna lição de
coragem e fé inabaláveis do grande homem de Deus que foi Paulo (SI 125.1).
VII. O TESTEMUNHO QUE FAZ DIFERENÇA (4.5-6)
1. Andando com sabedoria (4.5). Se os colossenses
não tivessem a sabedoria concedida por Deus, facilmente seriam levados pelos
enganos e engodos dos falsos ensinos. É Deus quem dá sabedoria (Pv 2.6); é bem-aventurado
quem acha a sabedoria (Pv 3.13); o sábio diz que a sabedoria é a coisa
principal (Pv 4.7).
Quando o apóstolo se refere aos “que são de
fora”, deixa claro que os crentes são “os que são de dentro”. Aí se vê a
diferença. De fato, os seguidores de Cristo são, na verdade, neste mundo,
peregrinos e forasteiros ( Hb 11.13; 1 Pe 2.1 1). Estão no mundo, mas não são
do mundo ( Jo 15.19).
2. Remindo o tempo (Cl 4.5). Dentro das igrejas
locais, há muitos crentes perdendo tempo. Quantos há que, aos domingos, ou em
outros dias da semana, deixam de ir à igreja para assistirem a programas de
televisão, que nada têm de edificantes para a vida cristã; ao contrário, a
envenenam e sufocam. Quantos não têm tempo para ler sequer um capítulo da
Bíblia ou para orar durante meia hora por dia, mas têm tempo para ler jornais,
revistas e outros tipos de literatura; quantos que, enquanto a igreja está
reunida, vão aos clubes e outros locais de duvidoso lazer. Não queremos dizer
que o lazer justo e necessário, no momento oportuno, seja pecado. Mas a perda
de tempo é flagrante na vida de muitos que se dizem cristãos.
VIII. A PALAVRA DO CRENTE (4.6)
1. Palavra agradável. Aqui, Paulo dá uma grande
lição de relações humanas entre os crentes, e entre “os que estão de fora”. O
crente em Jesus deve expressar-se com palavras, de tal forma que os ouvintes
sintam-se bem ao ouvi-lo. Apalavra agradável é sinõnima de “graciosa”, que vem
de charis, “graça”. É a palavra que atrai os que a ouvem, com gentileza,
amabilidade e respeito fundada no amor com que devemos nos amar uns aos outros
(Jo 13.34).
2. Temperada com sal. A palavra agradável e
temperada com sal é a palavra que mantém o ouvinte atento à fala ou à mensagem
transmitida. É a palavra com unção de Deus. Há pessoas que querem pregar e
ensinar. Mas, como são exageradas em sua maneira de ser, não são ouvidas, são
rejeitadas; têm “sal de mais”; há outras, que não têm o que dizer acerca de sua
fé; é porque têm sal de menos, ou já são “insípidas” em seu viver. Deve-se
ressaltar, no entanto, que a palavra “agradável” e “temperada com sal” não
impede uma palavra enérgica e necessária, quando se confronta os inimigos do
evangelho (ver o que Paulo disse a um “filho do Diabo” em At 13.10,11).
3. Palavra conveniente (4.6). O apóstolo ressalta
a conveniência no falar “a cada um”. Certamente, ele tinha em mente que cada
pessoa com quem se fala tem uma maneira diferente de reagir ao que se lhe
transmite. Mesmo entre os crentes, há diferenças de percepções. Uma repreensão
a um crente antigo, maduro na fé, pode ter um efeito positivo e edificante. A
mesma repreensão, dada a um novo convertido, pode traumatizá-lo
espiritualmente. Uma palavra de exortação, dada a uma irmã antiga na fé, pode
resultar em crescimento espiritual para ela; a mesma palavra, para uma
adolescente pode causar-lhe tanta tristeza a ponto de levá-la a deixar a
igreja.
IX. CRITÉRIOS PARA IRMOS DEUS
É mediante a oração
que nos aproximamos de Deus. Mas palavras ditas, dirigidas à deidade,
não recebem automaticamente ouvidos atentos e respostas. Existem critérios que
Deus requer da parte daqueles que se aproximam dEle, os quais têm a sua atenção
e acesso até o seu coração compassivo. “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe;
porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e
que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6).
“A fé não é de todos” (2 Ts 3.2). Contudo,
somente pessoas dotadas de fé podem agradar a Deus. A fé é um requisito básico
indispensável em toda a oração frutífera. É essencial, pois, que a fé seja claramente
entendida, a fim de não ser confundida com alguma virtude menor e inadequada.
No dizer de Hebreus 11.1: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se
esperam, e a prova das coisas que se não vêem”. Há outras traduções que
acrescentam ainda maior clareza a essa definição: “A fé é a certeza das coisas
que se esperam a convicção de coisas que não se vêem” (Revised Standard
Version). “A fé significa que temos plena confiança nas coisas pelas quais
esperamos que estejam certos de coisas que não vemos” (Phillips).
A verdadeira fé pressupõe um objeto sobre o qual
ela se apóia. A fé cristã está fixada na Palavra de Deus e no Deus da Palavra.
E é essa fé que agrada a Deus. A pessoa que ora deve acreditar que o Deus da
Bíblia existe e é, verdadeiramente, tudo quanto a Bíblia diz que é: o grande
“EU SOU” (Êx 3.14).
O crente que ora de modo eficaz deve viver
constantemente na convicção de que esse “EU SOU” é o Deus infinito, eterno,
existente por si mesmo, sempre presente e fiel, por meio de cuja energia, abundância
e providência todos os demais seres existem. Entretanto, não basta apenas crer
que Deus pode fazer qualquer coisa. “Também os demônios o crêem, e estremecem”
(Tg 2.19). A fé que alcança transformações deve abranger não somente a
existência de um Ser Supremo, mas também deve perceber o intenso interesse de
Deus por suas criaturas, a ponto de recompensar aqueles que “o buscam” (Hb
11.6). Deus deseja filhos que anelem profundamente por sua presença. “Buscam”
(no grego, ekzeteo) significa “ir à procura de”, “pôr-se em busca de”, “desejar
obter”.
A fé que dá prazer a Deus e obtém a sua atenção é
aquela fé que motiva o seu possuidor a mover-se na direção de Deus, para
encontrá-lo com o propósito de cumprir a sua vontade divina, para investigar a
sua natureza a fim de compreender a sua plenitude e para desejar a sua
superintendência em todas as ocupações da vida.
X. CONHECENDO A VONTADE DE DEUS
Quando Pedro estava em Lida, Dorcas, uma mulher
“cheia de boas obras e esmolas que fazia” (At 9.36), veio a falecer na vizinha
cidade de Jope. Suas amigas lavaram seu corpo, preparando-o para o
sepultamento. Quando os discípulos daquela região souberam que Pedro não estava
longe (por esse tempo Pedro já tinha a reputação de ser alguém usado por Deus
na operação de milagres), enviaram-lhe mensageiros para que viesse ter com
eles. Assim que chegou, as viúvas que haviam sido abençoadas pela benevolência
de Dorcas, contaram, aos prantos, vários testemunhos a Pedro sobre como Dorcas
fora generosa e cuidadosa. Parece que estavam com isso solicitando que Pedro
tentasse restaurá-la à vida.
Como o servo do Senhor responde àquela petição?
Como devemos proceder ao nos depararmos com uma impossibilidade? A inclinação
natural de Pedro poderia ter sido rejeitar os apelos das viúvas, tachando-os de
histéricos e irracionais, considerando-os uma fuga da tristeza que sentiam pela
perda de tão boa pessoa.
Ou ele poderia ter escolhido confabular com elas
sobre a esperança da ressurreição de Dorcas no fim dos tempos, oferecendo-lhes
somente palavras de consolo e alívio. Mas Pedro não fez nada disso. Pelo
contrário, “fazendo-as sair a todas, pôs-se de joelhos e orou; e, voltando-se
para o corpo, disse: Tabita [Dorcas], levanta-te. E ela abriu os olhos, e,
vendo a Pedro, assentou-se” (At 9.40).
Para entendermos o curso da ação tomado por
Pedro, devemos acompanhar seus passos desde que conheceu Jesus. Logo no início,
sendo um dos Doze, ouviu e seguiu as instruções de Jesus: “E, indo, pregai
dizendo: É chegado o reino dos céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos,
ressuscitai os mortos, expulsa os demônios; de graça recebestes, de graça dai”
(Mt 10.7,8).
Pedro havia presenciado inúmeros milagres do
Senhor Jesus, incluindo a ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7.11-16),
da filha de jairo (Lc 8.41,42,49-56) e de Lázaro (Jo 11.1-44). Além disso, vira
uma revelação pessoal da divindade de Jesus (Mt 16.13-17). Havia testemunhado a
glória de Deus no monte da Transfiguração (Mt 17.1- 7) e vira pessoalmente o
Senhor após a ressurreição (1 Co 15.5).
Adicione-se ainda as experiências recentes do
pós-PentecoStes a cura do aleijado na porta Formosa do Templo (At 3.1-9), a morte miraculosa e prematura de Ananias e Safira face
ao ludíbrio deles (At 5.1-10) e a sua bem recente experiência com
Enéias, que se levantara após um surto de paralisia que o atormentara por oito
anos (At 9.32-34). Reúna tudo isso e você compreenderá porque Pedro escolheu
tomar um curso diametralmente oposto àquele que a maioria das pessoas teria
optado. Assentara-se aos pés de Jesus, avançando de fé em fé, fora cheio do
Espírito Santo e, em resposta à sua própria oração e obediência, pôde
testificar as operações do grande poder de Deus. Fortalecido, assim, de antemão
mesmo defronte da própria morte — Pedro não hesitou em aconselhar-se com Deus.
Antes de Pedro agir numa situação tão séria,
precisou consultar a Deus (At 9.40). Ainda não lhe fora revelado se Deus queria
ou não operar aquele milagre. Através de uma fervorosa súplica, sem distração
ou interrupção, ele orou até obter o conhecimento da vontade de Deus. Para quem
pretende obter o impossível, não há outro caminho a seguir. Agir fora da firme
convicção da vontade de Deus é um gesto da maior insensatez, que só pode
resultar em desgraça e vergonha. Mas agir à luz da vontade revelada de Deus é
pura fé e traz grande glória a Deus. Não obstante, uma vez que a vontade de
Deus seja conhecida com absoluta certeza, resta-nos agir em harmonia com o que
sabemos.
Pedro voltou-se para aquela mulher sem vida e
disse-lhe: “Tabita, levanta-te”. Então o milagre já determinado no Céu
tornou-se realidade na Terra: ‘E ela abriu os olhos, e, vendo a Pedro,
assentou-se (At 9.40). Que gloriosa restauração, diríamos e na verdade foi!
Entretanto, foi muito mais que isso. Este milagre tornou-se a chave que abriu
os corações de uma grande multidão: “E foi isto notório por toda a Jope, e
muitos creram no Senhor” (At 9.42).
Deus cuida de nossas tristezas e perdas terrenas
e, algumas vezes, intervém no curso normal da natureza. No entanto, sua
principal preocupação não é com o temporal. O destino eterno de muitas almas em
Jope foi, sem dúvida, a razão da resposta divina à oração de Pedro. Na
experiência de Pedro, há muitas instruções para aqueles que gostariam de ser
usados por Deus para suprir as necessidades humanas. Quando confrontado por
alguma impossibilidade humana, consulte a Deus para saber qual é a vontade
dEle. Em seguida, quando a fé for posta à prova, cuidado com a exagerada
racionalização. O crente não deve agir de modo
presunçoso. Certifique-se de ter ouvido a voz de Deus antes de agir.
Dê à fé a oportunidade de crescer até que você
possa confiar em Deus para o totalmente impossível. Quando estiver certo de que
Deus falou, não tenha medo de agir. E, quando o milagre acontecer, dê a Deus
toda a glória. Permita que o milagre se torne um meio de alcançar os perdidos
para Cristo.
XI. UM CRENTE DE ORAÇÃO TEM UM ESTILO DE VIDA
CHEIO DO ESPIRITO
A cada dia que passa, incontáveis pessoas têm
tido uma nova experiência com o Espírito Santo. Elas têm falado em novas
línguas — como os discípulos de Éfeso (At 19.6). Têm também profetizado e
testemunhado outras manifestações do Espírito Santo. De acordo com David B.
Barrett, grande autoridade sobre demografia religiosa, havia no início da
década de 1990, mais de 353 milhões de pentecostais e carismáticos no mundo.
Mas foi nos dias de Paulo, particularmente na igreja em Éfeso, que uma
experiência antes vital e cheia de esplendor foi facilmente trocada por um
estilo de vida indigno, o qual em vez de fomentar o evangelho impedia o seu
progresso. Mas Paulo tinha um remédio para esse problema. (Ef 5.18-21).
Para a maneira santificada de Paulo pensar, esse
é o padrão de procedimento para que haja avanço espiritual. Todas as coisas que
fazem guerra contra o permanecer cheio do Espírito devem ser identificadas e
eliminadas, antes que se possa conseguir e manter um estilo de vida cheio do
Espírito. Para exemplificar, o crente que argumenta em favor do uso do vinho ou
de qualquer outra bebida alcoólica, argumenta, ao mesmo tempo, contra o ter uma
vida cheia do Espírito, pois não há compatibilidade entre ambas. Para as
pessoas que sinceramente buscam a Deus, há apenas um único caminho a seguir:
“Enchei-vos [continuai a ser cheios] do Espírito”. Ora, ser cheio do Espírito requer
uma atenção muito grande em oração, tendo em vista esse mesmo fim.
O batismo no Espírito Santo é uma experiência
vital e viável. Não obstante, se a experiência tiver propósito e significado
permanentes, deve, necessariamente, resultar num estilo de vida de constantes
enchimentos com o Espírito. Esse estilo de vida envolve disciplinas que evitem
os empecilhos e promovam ações para a sua intensificação. Os itens da lista de
práticas a que Paulo nos intimou são evidências de um estilo de vida cheio do
Espírito (Ef 1 5.19-21: meditação, cânticos, ações de graças, submissão) e, ao
mesmo tempo, os meios nomeados por Deus para esse estilo de vida.
Embora alguns estudiosos traduzam lalountes
heautois como “falando entre vós” ou “falando uns aos outros”, não é errado
compreender o significado dessa expressão da seguinte maneira: “Falando dentro
de vós mesmos”. Paulo usa uma linha de raciocínio similar em 1 Coríntios 14.28:
“Mas, se não houver intérprete.., fale consigo mesmo, e com Deus”.
Por conseguinte, podemos dizer que o estilo de
vida cheio do Espírito é estimulado pela adoração interior, que se expressa por
meio de salmos, hinos e cânticos espirituais. À primeira vista, poderíamos
relacionar a palavra “salmos” aos salmos do Antigo Testamento. Mas embora essa possibilidade
não precise ser excluída, a falta do artigo faz o sentido tomar-se mais geral,
isto é, cânticos com acompanhamento musical, como se fossem salmos. A idéia por
detrás do termo “hinos” parece ser cânticos que expressem louvores a Deus Pai e
a Jesus Cristo (confira certas passagens do Novo Testamento, como por exemplo,
Ef 1.3-10; Fp 2.6-11: 2 Tm 2.11-13; Tt 3.4-7, que têm a forma de hinos).
Ainda que não seja este o único sentido
pretendido com a expressão “cânticos espirituais”, é perfeitamente possível que
Paulo estivesse indicando aqui o que ele havia falado em 1 Coríntios 14.15:
“Cantarei com o espírito”, ou seja, entoar os louvores a Deus numa língua
desconhecida. O texto de 1 Coríntios 14.26 indica que essas coisas se
manifestam quando as pessoas se reúnem. A própria palavra “salmo” inclui um
acompanhamento musical. As palavras “no vosso coração” bem poderiam ser
traduzidas por “com o vosso coração”, ou podem significar que, quando os
crentes juntam suas vozes nos cânticos da congregação, seus corações também
estão cheios de música. Fazer melodia, de acordo com as páginas do Antigo
Testamento, envolvia instrumentos musicais. O versículo seguinte,
“sujeitando-vos uns aos outros”, também mostra que Paulo estava falando sobre o
que está acontecendo no corpo da Igreja, e não apenas no coração de cada
indivíduo.
Harold Horton observa: “Falando com vocês mesmos,
em cânticos espirituais, ou seja, com cânticos em outras línguas, cantados por
cadências ditadas também pelo Espírito. Falando — em cânticos! Falando assim
com nós mesmos no Espírito é o mesmo que nos edificarmos… Quando falamos em
línguas estamos enchendo um reservatório dentro de nós mesmos neste estéril
deserto do mundo em que vivemos. E assim, ao cantarmos, fazemos com que jorre
uma fonte no mais seco deserto” (Harold Horton, G!fts ofthe Spirit, Nottingham,
Inglaterra: Assemblies of God Publishing House, 1934; reimpressão, Springfield,
Missouri: Gospel Publishing House, 1975, p. 136 da edição reimpressa).
“Cantando e salmodiando [ou fazendo música] ao
Senhor no [ou com o] vosso coração” parecem ser palavras que indicam que os
salmos, os hinos e os cânticos espirituais fluem a partir do santuário
particular do homem interior. A ação de graças é a própria essência da vida
cheia do Espírito, ao mesmo tempo em que é outro importante meio para o crente
chegar ao estilo de vida cheio do Espírito. “Dando sempre graças” é o acesso da
alma à presença divina. Esses agradecimentos devem ser direcionados a Deus Pai,
de onde nos vem o Espírito. E tudo deve ser feito no nome de nosso Senhor Jesus
Cristo, o único meio de nos aproximarmos Dele.
A submissão é para a oração aquilo que o sangue é
para o corpo humano. Sem submissão, a oração é apenas uma forma fria e sem vida
de nos expressarmos. A palavra grega usada por Paulo, hupotasso, significa
“subordinar”, “sujeitar-se”, “ceder voluntariamente”. A submissão põe em
evidência a oração eficaz. É algo essencial para o preenchimento inicial com o
Espírito Santo. Sem o seu contínuo exercício, não pode haver estilo de vida
cheio do Espírito. A submissão é a chave à nossa admissão no Santo dos Santos.
A submissão sempre parte da iniciativa daquele que se submete, pois emana do
âmago do ser, de sua vontade central. Se for imposta à força, não será
submissão sob hipótese alguma. Jesus era a epítome da submissão. Ele pôde dizer
sem o menor equívoco: “E aquele que me enviou está comigo; o Pai não tem me
deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada” (Jo 8.29). E Ele também
disse:
“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim,
que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas
almas” (Mt 11.29). “Sou manso e humilde de coração” é equivalente a “submeto-me
completamente ao meu Pai e à sua vontade”.As palavras “uns aos outros no temor
a Cristo” pressupõem a fonte de todos os outros tipos de submissão necessários
à comunidade cristã. A submissão básica é ao nosso Senhor Jesus Cristo. Uma vez
que esteja no seu devido lugar, a submissão dentro da família de Deus, de
acordo com a ordem prescrita por Ele (1 Co 11.3; Ef 5.21; 6.9), será
perfeitamente natural. Toda falta de submissão na família da fé pode ser
acompanhada por uma rebelião, cujos princípios fundamentais voltam-se contra
Deus. Por sua própria natureza, a recusa em se submeter torna-se num empecilho
à oração e ao estilo de vida cheio do Espírito.
CONCLUSÃO
A oração é a maior evidência de uma fé
verdadeira. É a demonstração de que a alma busca um contato com Deus, em quem
ela crê. A oração cria uma comunhão real e estabelece um vínculo entre Deus e
seus filhos. A Bíblia expõe muitos exemplos de oração. O exemplo da oração de
Jesus é o mais instrutivo. O segredo da vitória de Jesus estava na oração.
Muitas vezes foi o seu rosto umedecido pelo orvalho e quando solitário escalava
os montes da Palestina para suas orações. Seus discípulos, sentindo que não
tinham com Deus a comunhão que observavam na vida do mestre, aproximaram-se
dele e pediram: “Senhor, ensina-nos a orar “ (Lc 11:1).
Jesus prontamente os orientou na prática da
oração. Ensinou aos discípulos, com palavras, aquilo que já lhes havia ensinado
com o exemplo. E por assim ser, qualquer estudo da doutrina da oração na vida
do crente teria de começar, necessariamente, com a oração observada na vida e
nos ensinamentos de Jesus.
Ele começava o dia com oração (Mc 1:35 ); orava
ao entardecer (Mc 6: 46,47); foi com oração que começou sua vida de trabalho
(Lc 3:21); costumava passar a noite em oração (Lc 6:12); orava com seus
discípulos (Lc 9:28); no Getsêmane (Mt 26:36); com seus seguidores (Lc 22:32);
orou na cruz (Lc 23:34); chamou a atenção para o poder da oração (Mt 26:53);
deu aos discípulos a oração modelo conhecida como Pai Nosso (Mt 6:9-13). Se
Jesus, sendo divino, sentia a necessidade de comunhão com o Pai, é evidente que
nós, possuidores de uma vida cristã, devemos pôr a oração em lugar de destaque
no nosso programa de atividades diárias.
LUCIOA.FIDALGO
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